O ano da cigana

O ano da cigana Já faz um tempo que parei de postar. Desde que cheguei aqui no Chile, o único post que escrevi foi sobre o efeito Bollywood, que aliás nao tem nada a ver com o Chile. Já faz um tempo que eu ando sem inspiraçao, e vou procrastinando o próximo post na esperança de que um dia desses irei ter um insight brilhante e uma vontade maluca de escrever sobre alguma coisa. Alguns temas passaram na minha cabeça do tipo como é viver no chile, o efeito Pinochet na vida dos estrangeiros, a sociedade do reggaeton e da piscola, diferneças entre Viña e Valparaiso, e por ai vai…Mas simplesmente ainda nao rolou porque todo o dia fico enrolando e acabo nao escrevendo.

Mas um dia desses, do nada, estava pensando nas minhas mudanças e andanças pelo mundo afora neste ano e simplesmente me deu vontade de escrever sobre isso. Sem dúvida alguma, este ano definitivamente já ficou marcado como o Ano da Cigana na minha vida. Isto porque nunca antes tinha morado em tantos lugares e casas diferentes em tão pouco tempo. Estamos iniciando o segundo semestre e nestes seis meses já me mudei oito vezes. Tirando uma média do início do ano até agora, temos uma taxa “cigana”de 30 dias a cada nova mudança. Olhando os números racionalmente confesso que fiquei chocada e acredito que uma cigana de verdade certemente ficaria com inveja ao se deparar com meus números. É engraçado que nao sinto que mudei tanto assim. As coisas foram acontendo sem querer e sem perceber acabei virando uma cigana de verdade neste ano.

Olha só, comecei meu ano na minha casa em São Paulo e logo na primeira semana de janeiro me mudei para Gurgaon na Índia. Nas primeiras duas semanas morei em uma casa com meu chefe indiano e um trainee da Lituânia. Resolvi mudar de lugar pois enfrentava problemas diários de falta de luz, água e panes elétricas além de ter que conviver com o meu chefe 24 horas no trabalho e em casa, ninguém merece né?

Me mudei com meus colegas de trabalho do Chile para um condomínio de prédios na região mais bem localizada de Gurgaon. Acabei tendo o azar de ficar com o quarto mais minúsculo de todos, que mal cabia minhas malas e o meu 1,79m de altura. Depois de uma semana fiquei sabendo que outro apartamento no mesmo condomíno estava vago e decidi me mudar de novo para poder ter um quarto grande e com banheiro dentro. Por algumas semanas morei lá relativamente sozinha já qure sempre estive muito bem acompanhada de duas largatixas que não saiam do meu quarto, a Filomena e a Clementina. Depois chegaram minhas novas roomates. A primeira que chegou foi a Sachiko, uma garota com descendencia pra lá de exótica: japonesa e africana. Depois chegou a Cibele, uma garota sorridente e com uma boa energia e alto astral tipicamente brasileiro. Foram 4 meses cheios de estória naquele lugar, Ridgewood State, B16.

Quando acabou meu projeto, resolvi tirar umas férias. Tive que sair do apartamento da empresa e me mudei para a casa do Luís e da Júlia por um período de 3 semanas. Conheci esse casal sensacional de brasileiros através do Ricardo e logo acabaram virando grandes amigos meus e me receberam maravilhosamente bem no seu Lar Doce Lar indiano, e por sinal oferece a mehor comida da regiao…aquela casa ainda vai virar restaurante, que conhece sabe exatamente do que estou falando!

Depois do meu período de quase 6 meses na Índia, voltei de novo para um mini período sabático na minha casa em São Paulo.

E nao acaba por aí. No início de Junho deste ano voltei para o Chile. Para variar resolvi mudar de cidade também. Ano passado morei em Viña del Mar e depois de uma proposta irresístivel do Pablo, meu amigo chileno, decidi me mudar para Valparaíso. O Pablo ofereceu que eu ficasse gratuitamente no apartamento dele em Valparaíso enquanto ele ainda estava trabalhando na Índia. Além de cuidar do apartamento, o Pablo queria que eu experimentasse a vida de residente em Valparáiso pois dizia que tinha muito mais a ver com minha personalidade do que a cidade vizinha, Viña del Mar. E ele estava certo. Muchas Gracias Pablito!

Morei maravilhosamente bem por 2 meses no apartamento dele. E como tudo o que é bom dura pouco, o dia D chegou. Com a chegada do Pablo a Valparaiso tive que novamente pegar minhas trouxas e procurar outro lugar para morar. E a saga da cigana continua. E aqui estou eu deitada na minha nova cama, no novo quarto, no novo endereço. Estou morando em uma casa do tipo B&B (Bed and Breakfast) localizada no coração de Valparaíso, exatamente entre Cerro Alegre e Cerro Concepción.

E o bom de tudo isso é que a cada mudança que faço acabo levando menos peso comigo. É o desapego forçado dos bens materiais….quem me conhece sabe que as vezes me torno uma consumidora assídua que vai acumulando, acumulando e que tem preguiça de deixar as coisas super organizadas. Com esse lance de mudançca pra cá, mudançca pra lá, me vi obrigada a comprar menos, acumular menos e me organizar mais. Tá vendo? Tudo na vida tem um lado positivo, ou muitos lados positivos…meu velho camarada Nietzche sabiamente disse: “Tudo que nao me mata, me fortalece”. Tenho que concordar com ele.

Vida nômade

 

Escolhi morar em um lugar tipo pensão desta vez porque estou em um processo de desapego do Chile, um processo devagar de desligamento e realmente agora não me sinto em casa morando aqui. Na verdade me sinto mais como uma turista que veio ao Chile de passeio.

Nao posso negar que meu novo quarto até que é gostoso mas basicamente é o único espaço que é e será só meu nestes próximos 3 meses de Chile. Parece que vida cigana deste ano está por fim se estabilizando, pelo menos por agora.

E é engraçado que no ano passado em uma das minhas aulas de violão, meu professor pediu que eu compusesse uma música. A canção que fiz curiosamente se chamava “Um lugar que seja meu” e fala um pouco de uma vida cigana. A letra era mais ou menos assim:

Parte 1) Não quero ser mais uma cigana/Nem aqui no Chile e nem no Brasil/Quero encontrar um lugar que seja meu

Refrão) Pode ser na Índia, no Taj Mahal/Pode ser na Itália, no Coliseu/Poder ser no Peru, no Machu Pichu/Não me importa aonde…

Parte 2) O que eu quero é poder viver/Tudo aquilo o que eu sempre quis/É olhar para o passado sem se arrepender/E ver que no futuro ainda tem muito mais, muito mais….

Essa música foi escrita antes mesmo de eu saber que iria para a Índia e é curioso perceber que de fato a minha vida cigana de verdade teve seu início lá na índia no ínicio de Janeiro.

“Wikipediando” a respeito do povo cigano, acabei descobrindo que este povo tradicionalmente nômade tem suas origens no norte da Índia, mais precisamente das regiões do Punjab e do Rajastão. E o curioso é que os indianos que me confundem com uma pessoa local sempre acham que eu sou da região de Punjab por causa das minhas feições, cor de pele e estatura. Agora não duvido mais que em alguma vida passada eu tenha sido uma indiana cigana de Punjab. Soa exotico nao? Isso explicaria muita coisa na minha vida. Minha atração quase que cega pela Índia e a minha constante necessidade de mudança, de sair da rotina, de sair da mesmice, de sempre querer explorar o desconhecido.

Mas sei também que isso é uma fase da vida. Essa minha prática nomade de quem que não têm uma habitação fixa, que vive permanentemente mudando de lugar.também enjoa e tembém pode perder o sentido quando não se sabe mais o significado da próxima mudança e o rumo que se quer tomar na vida.

Tem um livro que a Cacá me emprestou que me veio na cabeça agora, se chama “O Pequeno Príncipe me disse” e na verdade é uma releitura de diversas personalidades famosas, comentando diversos trechos do Pequeno príncipe. Curiosamente a Cacá leu somente esse trecho pra mim:

“Caminhando só pra frente, sem curvas, sem passo atrás. Podemos ir muito longe, talvez ir longe demais. Talvez passemos do ponto, talvez fiquemos mais tontos. Talvez não estejamos prontos pra ir onde a gente vai”. (O Gabriel Pensador escreveu este parágrafo inspirado nessa frase do Pequeno Príncipe: “Caminhando só pra frente a gente não vai muito longe”).

Volta e meia relaciono essas palavras com o meu atual momento de vida e com o fato de que talvez esteja mesmo na hora de parar um pouco com o nomadismo e voltar para o Brasil, e até voltar para a casa dos meus pais. Pode ser que não seja ruim dar um passo pra trás. Um, ou dois passos pra trás podem me dar mais impulso e fôlego pra percorrer um novo caminho que vai me exigir passos firmes e fortes.

Faz alguns meses que estou pensando em levar o efeito Bollywood a outro patamar. Pra quem leu meu post anterior provavelmente vai entender o que estou falando. De qualuqer forma resolvi tentar trilhar um caminho empreendedor A cada dia sinto mais certeza ou talvez intuição de que é isso mesmo o que tenho que fazer.

Agora sinto que está chegando a hora de voltar pra casa, para o meu Brasil brasileiro. Termino este post com um pedacinho de uma música “Mesmo com tantos motivos pra deixar tudo como está. Nem desistir, nem tentar agora tanto faz…Estamos indo de volta pra casa“. (Cássia Eller).

11 comentários sobre “O ano da cigana

  1. Fico feliz em saber que você e meus pais são leitores assíduos do meu blog!!!heheh Andei com uma preguiça danada de escrever nestes últimos tempos mas fico feliz em saber que alguém se diverte com algumas das minhas estórias…me dá vontade de aprontar mais por aí! Namaste….

    • Juju….gracias pelo apoio incondicional…sinto sua energia chegando….e como esses passos importantes incluem a Índia, nao vejo a hora de compartilhar e vivenciar mais estórias incríveis com voce por aí! Chalo!

    • Ai Pri, sempre adorei fã clube…participei do da Xuxa, Mamonas, Latino, Kelly Key…adoroo! hahaa imagina só? Espero que voce nao acredite nisso…

      E o seu próximo destino cigana, onde vai ser?

      bjos

  2. Mari, gostaria de mudar para o Chile em definitivo. Gostaria de saber, onde posso arrumar um emprego, alugar um lugar pra morar, pessoas em quem possa confiar nos primeiros meses, sei lá, to querando sair rápido do Brasil, como faço para planejar uma boa saída daqui e aos poucos ir me estabelecendo aí no Chile. Você poderia me ajudar?? Seria eu, minha esposa e um filho. Abraços.

    • Oi Tony! Tudo bom?

      Agora ja estou de volta no Brasil mas continuo trabalhando para a empresa que trabalhava no Chile. Temos sempre vagas em aberto para brasileiros no escritório do Chile. Se voce tiver interesse, por favor envie seu curriculo em ingles ou espanhol para o meu email (mariana.oliveira@evalueserve.com) e aí posso encaminhar para o time la da Evalueserve no Chile. Que tal? Abs, Mari

      • Mari, puxa você me respondeu rápidinho, muito obrigado mesmo mesmo, vou mandar meu CV para ela e aguardar. Estou ansioso, para que isto aconteça, vou precisar de lugar pra ficar e tudo mais, ela me informará isso também??? Abraços. Obrigadão…

  3. Desculpe fiquei ansioso na leitura e acabei colocando o proneme pessoal errado. Sei que é você mesma. Mas só pelo carinho do atendimento estou imensamente grato. Fico feliz que você me respondeu prontamente. Vou te encaminhar CV o mais rápido que puder. Abraços.

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