Valparaíso de mi amor

Valparaíso é definitivamente o tipo de cidade que quando você conhece ou você ama ou você odeia. Dificilmente existe meio termo. Isso porque Valparaíso não é o tipo de cidade que possui uma beleza óbvia, fácil de digerir. Valparaíso possui uma distribuição geográfica bem peculiar. É uma cidade remendada por morros e colinas, conhecidas por aqui como cerros que invadem a costa do oceano pacífico e esses cerros possibilitam uma vista simplesmente magnifica do mar.

Valparaíso possui mais de 40 morros. Cada um diferente do outro. A maioria deles apresentam particularidades que não se repetem em outros. Eu moro bem na “divisa”do Cerro Concepcion com Cerro Alegre. É uma regiao histórica de Valparaíso que foi declarada como Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO em 2003. Cerro Concepción e Cerro Alegre, foram os cerros escolhidos pelas comunidades inglesas e alemãs que viviam em Valparaíso no século XIX até meados do século XX. Hoje em dia estes cerros são o maior atrativo turístico de Valparaíso. Nessa área se concentram a maioria dos restaurantes bacanas , casas remodeladas, bares com música ao vivo, lojinhas descoladas de arte e acessórios femininos. Costumo dizer que se Valparaíso fosse um bairro em São Paulo, seria, sem dúvida alguma a Vila Madalena.

É uma cidade com forte atividade cultural e artística. Possui diversos museus, faculdades de musica e arte, bares bohemios alternativos com apresentaçao de musicos talentosos, exposiçoes ao ar livre de pintira, saraus de poesias, estudantes comunistas revoltados com o capitalismo selvagem e por aí vai. Enfim é uma cidade que sai do senso comum e é quase impossível ficar indiferente a Valparaiso. Não é a toa que era a cidade preferida do Pablo Neruda. As ladeiras e curvas de Valparaiso serviram como inspiraçao para diversos poemas e textos de Neruda.

Esse trecho abaixo descreve Valpo (apelido para os íntimos)de uma maneira muito especial: “Valparaíso es mínimo y universal, sordido y glorioso:

Valparaíso oscuro arde en la arena del Pacífico como un ascua fría, como una estrella de mil puntas. Valparaíso me usurpó, me sometió a su dominio, a su disparate: Valparaíso es un montón, es un racimo de casas locas, es un pájaro que cae sobre tu cabeza, es un niño pobre entre los fierros viejos, es una mujer agobiada, es una distancia. Una pareja, una cama, Valparaíso es una escalera y tres caballos, otra escalera que conduce a las nubes, y otra que nos invita a las vidas ajenas, a la intimidad escurridiza que nunca alcanzaremos a compartir sino con los escalones pisados por un millón de pies que pasaron enfundándose en las sábanas del día Domingo, cuando todo corre escalas arriba, hacia los cerros, hacia las familias numerosas, hacia la pobreza de arriba, pobreza orgullosa y férrea templada en todos los combates de tierra y mar”. (Pablo Neruda)

Eu também acabei me inspirando em um domingo qualquer e saí por aí, muito despretenciosamente, tirando fotos e tentando desenhar algumas imagens que marcaram a minha estadia nesta cidade. Acabo esse post com algumas fotos e desenhos que retratam um pouquinho de Valparaiso mi amor. E hoje acabo por aqui.

Valpo através dos meus olhos

Cenas de Valparaiso